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Crítica de Vinagre de Maçã

  • mindinmaia
  • 12 de fev.
  • 3 min de leitura


O surgimento de um novo gênero na Netflix está se desenvolvendo diante de nossos olhos. Depois de Inventando Anna, que nos apresentou a história de Anna Sorokin, a golpista que enganou a elite de Nova York, agora chega Vinagre de Maçã, com uma narrativa que transforma a vida real em entretenimento desconfortavelmente fascinante. Desta vez, é Kaitlyn Dever quem assume o papel de Belle Gibson, a influenciadora que construiu um império digital baseado na mentira de ter vencido um câncer terminal através de um estilo de vida saudável.



“Esta é uma história verdadeira baseada em uma mentira”, declara um personagem logo nos primeiros minutos. E diferente de Sorokin, Belle não foi paga por sua própria farsa. “Filhos da puta”, ela comenta, como se estivesse ciente do irônico destino que lhe aguardava.



A série se desenrola em diferentes linhas temporais, desde 2010, reconstruindo a ascensão meteórica e a inevitável queda de Belle. No centro da trama está a rivalidade entre ela e Milla Blake (Alicia Debnam-Carey), uma influenciadora inspirada na falecida Jessica Ainscough. Ambas vendem a promessa de cura por meios alternativos, mas com uma diferença essencial: Milla realmente está doente e acredita nas próprias palavras. O jogo de aparências e ilusão é completado por Lucy (Tilda Cobham-Hervey), uma paciente de câncer que, movida pela esperança, se torna seguidora fervorosa de Belle.



Milla tem tudo que o público espera: uma família amorosa, recursos financeiros para frequentar retiros de bem-estar e um rosto que se encaixa perfeitamente no feed do Instagram. Já Belle carrega uma bagagem diferente. Criada por uma mãe narcisista, subjugada por um parceiro abusivo e movida por um desejo insaciável de reconhecimento, ela aprende a manipular o digital a seu favor. De blogueira a empresária de um aplicativo de sucesso, ela não faz conexões reais. “Ela não tem amigos, tem anfitriões”, pontua um personagem.



A narrativa fragmentada da minissérie reflete a instabilidade de sua protagonista. A mistura de fatos e ficção confere um tom documental, mas também dificulta a imersão em certos momentos. A construção das personagens, apesar de intrigante, poderia ser mais aprofundada. Milla representa a esperança cega, enquanto Belle é um estudo sobre a carência de atenção elevada à enésima potência. Mas a série não se aprofunda tanto quanto poderia, deixando algumas questões apenas arranhadas na superfície.



Mesmo assim, Vinagre de Maçã não perde de vista a crítica contundente à indústria do bem-estar, um universo que fatura bilhões vendendo falsas promessas para os vulneráveis. No entanto, a produção evita tomar uma posição definitiva, optando por uma abordagem mais ambígua. No desfecho, não há informações sobre a dívida milionária de Belle Gibson ou seu paradeiro atual. Apenas uma cena final onde a própria Belle (ou melhor, sua versão interpretada por Dever) olha para a câmera e diz: "Dêem um Google."



Criada por Samantha Strauss e baseada no livro The Woman Who Fooled the World, a minissérie entrega um conceito instigante, mas não acerta em cheio na execução. A crítica à cultura da autoajuda e do autoengano é pertinente, mas em alguns momentos a narrativa se perde em sua própria estrutura. Vinagre de Maçã provoca reflexão, tem atuações afiadas e um tema relevante, mas deixa no ar a sensação de que poderia ter sido algo ainda maior. E talvez, no fim das contas, essa seja a maior ironia de todas. ★★★☆☆ 3/5

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