Crítica de Tipos de Gentileza

Yorgos Lanthimos, em seu novo filme Tipos de Gentileza, apresenta três histórias curtas que exploram as profundezas da depravação. É um filme desafiador, e provavelmente agradará os fãs hardcore de Yorgos ou aqueles que preferem um cinema com doses generosas de cinismo.

O filme aborda temas como o controle exercido pelo mundo corporativo, a desconfiança nos relacionamentos e o desejo desesperado por aceitação. Questões como controle, poder e ambição surgem, enquanto as três histórias deixam o público tirar suas próprias conclusões sobre a moralidade dos personagens.

Tons sombrios conectam os três contos, além da presença constante de uma figura coadjuvante, R.M.F. (interpretado por Yorgos Stefanakos), e de um elenco brilhante que interpretam diferentes personagens em cada história. O elenco está claramente à altura do desafio, com atuações convincentes ao longo de cada narrativa.

Parte da atração do filme é ver os atores mergulharem em papéis completamente diferentes conforme a trama avança de uma parte para a outra. As Partes I e II acertam em cheio na suposta intenção de Lanthimos de transmitir pessimismo e ironia, colocando o protagonista em situações claustrofóbicas, onde escapar com a consciência limpa parece impossível.

O ritmo ágil, as revelações frequentes, as reviravoltas chocantes e uma atmosfera de desespero estão em perfeita sintonia com o estilo característico do diretor, embora, desta vez, o humor não funcione tanto.

O filme perde o ritmo no terceiro segmento, quando a personagem da Emma Stone assume o protagonismo. E a culpa não é dele e sim do roteiro, que oscila entre duas narrativas mornas, sem o impacto das duas primeiras.

Enquanto os dois primeiros contos avançam rapidamente, o terceiro fica bem arrastado. O terceiro ato é uma decepção, e a escassez de leveza ao longo da obra só aumenta a frustração, mesmo com o final impactante.

Ainda assim, Tipos de Gentileza deixa uma marca, oferecendo muito para refletir após os créditos finais, incluindo a tentativa de conectar as histórias entre si. É um filme que talvez precise ser visto mais de uma vez para que seus pontos distorcidos se alinhem. ★★★☆☆ 3/5