Crítica de Pinguim

Pinguim, minissérie da HBO Max, é um exemplo notável de como criar um spin-off com identidade própria sem perder a conexão com o material original. Expandindo a participação de Oswald Cobblepot (Colin Farrell) do filme The Batman, a série mistura o realismo de Matt Reeves com o tom cartunesco das histórias em quadrinhos, criando uma narrativa envolvente e complexa.

A trama foca em Oswald, um motorista que, ao perceber uma oportunidade, começa sua ascensão no submundo do crime de Gotham. A série também introduz Sofia Falcone (Cristin Milioti), que retorna do Arkham após 10 anos e busca vingança e controle do legado de sua família. Ela se torna uma adversária inigualável, em um confronto de classe e poder contra Oswald. A dinâmica entre Oswald e Sofia é o motor da trama, refletindo a luta pelo controle de Gotham e destacando as desigualdades que permeiam a cidade.

A cidade de Gotham, como nas melhores histórias de Batman, é quase um personagem por si só, com a série mostrando os estragos e as divisões entre ricos e pobres. As cenas de Oswald olhando para Gotham através da janela do Iceberg Lounge são uma referência direta às HQs, onde a cidade é sempre uma presença opressiva. A diferença entre o que é visível e o que está nas sombras de Gotham serve como pano de fundo para a ascensão de Oswald e seu confronto com Sofia.

Colin Farrell brilha como Oswald Cobblepot, com a série explorando a psicopatia do personagem de maneira profunda. A relação de Oswald com sua mãe, Francis, é uma das mais impactantes, revelando suas motivações e o que o leva a se tornar o vilão implacável que é. Sua trajetória de ascensão é marcada por momentos de pura crueldade, refletindo sua jornada como um dos mais notórios vilões das HQs.

Por outro lado, a transformação de Sofia Falcone, interpretada magistralmente por Cristin Milioti, é um dos maiores destaques da série. Sofia passa de uma filha devotada a uma poderosa líder, disposta a destruir a influência de sua família e assumir o controle de Gotham. Sua luta contra o sistema, que a usou e destruiu sua vida, ecoa temas comuns nas histórias em quadrinhos, onde a vingança se mistura com uma busca por poder e justiça.

É uma série que não só expande o universo de Gotham, mas também nos prepara para o que pode vir em Batman 2, com a dinâmica entre Oswald Cobblepot e Sofia Falcone apontando para um futuro em que Gotham será ainda mais dominada pela corrupção e pelo crime, como protagonistas indiscutíveis dessa narrativa sombria e imersiva. O fim de Pinguim coloca Oswald no topo, observando Gotham de uma nova perspectiva, não mais das ruas, mas como um verdadeiro líder do submundo, em um jogo de poder que só ele parece entender.

★★★★★ 5/5