Crítica de O Macaco (The Monkey)
- mindinmaia
- 6 de mar.
- 3 min de leitura

Se existe uma certeza que tenho é que dificilmente voltarei a assistir algo tão desastroso quanto O Macaco. A adaptação do conto de Stephen King prometia um terror envolvente, mas entrega um filme desorganizado, sem identidade e que falha em capturar a essência do material original. Nem mesmo nomes consagrados como Osgood Perkins na direção e James Wan na produção foram capazes de evitar o desastre.

A trama acompanha os irmãos gêmeos Hal e Bill Shelburn, que, quando crianças, encontram um macaco de brinquedo abandonado por seu pai. O brinquedo, no entanto, traz consigo uma maldição mortal, causando a morte de sua babá e de sua mãe. Apavorados, os garotos jogam o macaco em um poço, acreditando encerrar o pesadelo. No entanto, vinte e cinco anos depois, Hal se vê forçado a encarar seu passado quando eventos macabros voltam a assombrar sua vida e colocam em risco a segurança de seu filho, Petey. Em sua busca pelo brinquedo, Hal precisa confrontar seus traumas e o verdadeiro poder do macaco.

A responsabilidade de carregar o filme recai sobre Theo James, que interpreta tanto Hal quanto Bill. Infelizmente, sua atuação é apática, especialmente no papel de Bill, que deveria ser uma presença manipuladora e misteriosa, mas acaba se tornando genérico e sem força.

Colin O’Brien, que interpreta Petey, tem uma presença apagada e seu personagem é mal desenvolvido, servindo apenas como um acessório na jornada do pai. O maior desperdício, porém, é Elijah Wood, cuja participação no filme é mínima e sem relevância real para a história.

O filme se baseia no conto homônimo de Stephen King, publicado originalmente em 1980 e incluído no livro Tripulação de Esqueletos. A versão original traz um terror mais sutil e atmosférico, focado no impacto emocional do protagonista e na maldição que o brinquedo carrega. Osgood Perkins, porém, optou por uma abordagem diferente, modificando substancialmente a narrativa. A decisão de incluir um irmão gêmeo e alterar a dinâmica do protagonista enfraquece o impacto psicológico da história. O roteiro, ao tentar ampliar a trama, apenas se perde, tornando-se confuso e sem coerência.

Perkins é conhecido por sua abordagem mais lenta e atmosférica ao terror, mas em O Macaco, essa característica não funciona. O ritmo do filme é inconsistente, com momentos de lentidão excessiva seguidos por cenas absurdamente exageradas. O terror prometido se dilui entre sustos previsíveis e uma mitologia mal definida. O filme se propõe a ser um slasher, mas as mortes carecem de impacto ou criatividade. A tentativa de incluir elementos de humor trash poderia ter sido um diferencial, mas não se encaixa bem na narrativa, gerando um tom inconsistente.

O Macaco é um filme que começa com alguma promessa, mas rapidamente se perde em escolhas erradas. O roteiro é inconsistente, a mitologia do brinquedo é confusa e os personagens são mal explorados. O longa se esforça para ser memorável, mas falha em entregar uma experiência satisfatória tanto para fãs do conto original quanto para entusiastas do gênero de terror.

Se você é fã de filmes trash e não se importa com uma narrativa fraca, pode encontrar alguma diversão nas cenas exageradas e bizarras. No entanto, para quem busca um terror bem elaborado e envolvente, esta adaptação é uma decepção completa. Melhor economizar o ingresso e revisitar o conto de King, que consegue ser infinitamente mais assustador e intrigante sem precisar de efeitos especiais ou atuações artificiais.
★★☆☆☆ 2/5
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