Crítica de Guerra Civil
- mindinmaia
- 16 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Guerra Civil apresenta uma visão distópica do futuro, mesclando uma experiência emocional e intelectual que ecoa uma sombria previsão do que poderia ocorrer caso uma onda de ódio dividisse a humanidade.
Sob a direção de Alex Garland, somos apresentados a Lee (Kirsten Dunst), uma fotojornalista que dedicou anos a cobrir regiões devastadas pela guerra ao redor do mundo para a Reuters. Agora, ela e seu colega, Joel (Wagner Moura), encontram-se em meio a uma região dilacerada pela guerra civil na América, uma situação que talvez nunca tenham antecipado. Determinados a conseguir uma entrevista exclusiva com o Presidente (Nick Offerman), partem de Nova York rumo a Washington, D.C.
Acompanhando-os até a linha de frente em Charlottesville está Sammy (Stephen McKinley Henderson), veterano do The New York Times e antigo mentor de Lee. Acabam por acolher um quarto passageiro, Jessie (Cailee Spaeny), uma fotojornalista iniciante e entusiasmada que idolatra Lee. Sem uma rota direta para D.C., a jornada os conduz por um caminho indireto, repleto dos perigos inerentes à guerra e à desconfiança.
Guerra Civil é uma obra poderosa e impactante, cuja intensidade decorre da sensação de realidade que oscila entre o trágico e o alegre, para novamente mergulhar no trágico. Ao concentrar a narrativa nesse grupo de repórteres, o diretor aparenta manter uma neutralidade política.
Entretanto, sua habilidade vai além disso. O filme não se trata do confronto entre "Vermelho" e "Azul", como evidencia a oposição mais forte ao Presidente representada pelas Forças Ocidentais, um exército formado pela combinação da Califórnia e do Texas, ambos secessionistas.
O papel dos jornalistas é mais para oferecer uma visão objetiva dos horrores do que para assumir uma posição política. Embora tenham suas próprias opiniões sobre o conflito, especialmente em relação à culpabilidade do Presidente, seu trabalho é simplesmente mostrar ao mundo o que está ocorrendo por todos os Estados Unidos.
Jessie representa a perspectiva do público, uma recém-chegada inexperiente em uma história com a qual os outros estão familiarizados. No entanto, não devemos desconsiderar o ponto de vista de Lee, que ensina a Jessie como não deixar que essas atrocidades a afetem, tendo testemunhado coisas que nunca poderá esquecer, tanto em suas próprias memórias quanto nas fotos que tirou.
As performances de Dunst e Spaeny são extraordinárias, interpretando reflexos uma da outra de forma tão habilidosa que mal percebemos o momento em que trocam de posição no espelho. Moura e Henderson estão lá para ancorar a história e o relacionamento entre essas duas mulheres, mas não são imunes às emoções que esse mundo, mesmo distanciado, pode evocar.
Guerra Civil não é apenas um dos melhores filmes do ano, mas também uma das obras mais importantes da era moderna, especialmente em um mundo tão polarizado como o atual. É um filme excelente, com um desfecho impactante, que deveria ser visto por todos.
★★★★☆ 4/5
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