Crítica de Gladiador II
- mindinmaia
- 14 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

Ridley Scott retorna no comando da sequência do aclamado clássico Gladiador de 2000, trazendo agora Gladiador II, que se passa 16 anos após os eventos do filme original. Roma está novamente sob uma liderança tirânica, desta vez com os imperadores gêmeos Geta, interpretado por Joseph Quinn, e Caracalla, interpretado por Fred Hechinger. Em sua ânsia por poder, eles enviam seus exércitos a terras distantes, buscando conquistar novas civilizações e expandir o império romano como nunca antes.
O filme começa apresentando Lucius, vivido por Paul Mescal, agora vivendo uma vida simples na Numídia com sua esposa. Essa paz é quebrada quando os romanos chegam em navios, e uma batalha épica toma lugar às portas da província, alternando entre a perspectiva de Lucius e a introdução do general romano Marcus Acacius, interpretado por Pedro Pascal, que será peça central no desenvolvimento de Lucius.

Capturado e levado a Roma como prisioneiro de guerra, Lucius logo se destaca por sua audácia e brutalidade nos combates, chamando a atenção de Macrinus, interpretado por Denzel Washington, que o compra para ser um de seus gladiadores. Movido pelo desejo de vingança e pela raiva contra o Império, Lucius começa sua jornada em busca de justiça.
Antes de qualquer coisa, o público é arrebatado pela audácia da grandeza visual do filme, o que já é esperado de um diretor acostumado a filmar épicos de qualquer gênero. Mas, quando se trata de combate e guerra, Ridley consegue entregar um resultado notável.
Apesar de algumas imprecisões históricas, com tubarões sanguinários, macacos em CGI e até um rinoceronte correndo em meio a um massacre romano, o filme consegue ser visualmente impressionante.

As atuações são um ponto forte do filme, com Denzel Washington roubando a cena como Macrinus, cuja presença magnética e manipuladora molda Lucius em um campeão da arena. Washington equilibra intensidade e leveza no papel, sugerindo que o personagem se diverte com o poder que exerce sobre Lucius. Mescal, por sua vez, traz uma suavidade rara ao papel de Lucius, conferindo-lhe uma humanidade que contrasta com sua brutalidade no Colosseu.
À medida que Lucius embarca em uma trajetória heroica reminiscentemente de Maximus, o filme explora temas profundos de justiça e poder. Marcus Acacius retorna assombrado pelas consequências de suas campanhas militares, um novo aspecto intrigante que Pedro Pascal interpreta com habilidade. Sua ambiguidade moral e charme o tornam um vilão complexo, cujas ações contrastam com os ideais de um império justo e fraterno, que era um sonho defendido por Marco Aurélio e perdido na tirania dos imperadores Geta e Caracalla.
Os imperadores gêmeos são figuras distantes e inconsequentes, protegidos pelo trono e alheios ao descontentamento crescente em Roma. Diferentes de Commodus, eles trazem um tom mais despreocupado e quase cômico à tirania, acrescentando uma nova camada ao panorama político da sequência.

Embora Gladiador II entregue cenas de ação bem coreografadas, a narrativa política é menos convincente e, em alguns momentos, o filme sofre com uma sensação de pressa que compromete seu peso emocional. Apesar de sua longa duração, cenas importantes parecem passar rápido demais, sem dar ao público o tempo necessário para absorver completamente os momentos cruciais, incluindo as perdas significativas.
Ainda que Gladiador II não traga grandes inovações para o gênero, o filme explora novas facetas do universo que Ridley Scott criou, contando com um elenco forte, direção impactante e cenas de ação de alto nível, mantendo os valores de força e honra que marcaram o clássico original. ★★★★☆ 4/5
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