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Crítica de Assassinos da Lua das Flores

  • mindinmaia
  • 18 de dez. de 2023
  • 4 min de leitura

Assassinos da Lua das Flores é a mais nova obra do renomado cineasta Martin Scorsese. Inspirada no livro de David Grann com o mesmo nome, a trama desenrola-se em Oklahoma, EUA, e retrata uma série de assassinatos que assolaram o povo Osage no início do século 20. Esses casos não resolvidos desencadearam a primeira grande investigação do Federal Bureau of Investigation, o FBI.


Antes de tudo, é importante observar que o filme se desenrola em um período histórico específico dos EUA e não se esforça muito para contextualizar para aqueles que possam não estar familiarizados com o cenário.



A história se situa um pouco depois da era dos faroestes, quando as hostilidades entre indígenas e caubóis diminuíram. A sociedade começa a se ajustar para a essa nova realidade e existência mútua entre ambos os grupos, gerando tensões. O "dinheiro do homem branco", conforme mencionado por um personagem indígena, foi concedido aos nativos americanos, envolvendo não apenas questões de petróleo, mas também uma forma de reparação histórica. A trama destaca a busca dos homens brancos por recuperar esse dinheiro e explora este sentimento de indignação por entenderem que os indígenas conseguiram ascender financeiramente de forma "injusta", nutrindo o estereótipo do "índio preguiçoso".



Na trama, os brancos em especial Bill Hale (Robert De Niro), planejam um elaborado esquema para assegurar o que consideram ser sua contrapartida devida. Trata-se de uma complexa rede de intrigas, envolvendo casamento planejado e assassinatos meticulosamente ordenados para "manter o dinheiro na família". Todo esse plano é o que rege a história do começo ao fim.


O que diferencia este filme da maioria das produções sobre crimes é que a história é protagonizada pelos criminosos, não pelas vítimas. Na narrativa, não há dúvida sobre quem são os assassinos nem sobre suas motivações, pois testemunhamos toda a manipulação a cada cena. A força do filme vem justamente de estarmos presenciando o lado mais cruel e sujo da história abordada.



Scorcese, assim com em O Irlandês, nos apresenta um filme que demanda tempo e paciência. Com quase quatro horas de duração, a trama se desenrola em um ritmo mais lento e com diálogos robustos e muitos personagens. Sem duvidas, não é um filme para qualquer um.


O elenco, no geral, desempenha bem aqui. Com destaque para

Lily Gladstone que interpreta a Mollie de forma magistral e se estabelece como o núcleo emocional de toda a narrativa. A talentosa atriz chega forte entre as concorrentes ao Oscar de Melhor Atriz de 2024.



Suas sutis expressões faciais e imponente presença impressionam. Desde o princípio, Mollie percebe que é apenas uma peça no tabuleiro. Toda a simpatia direcionada a ela é fabricada, cada avanço uma cilada. A inicial doçura e cautela da personagem vão aos poucos caminhando para um estado de depressão, desconfiança e medo à medida que seus familiares são perseguidos um a um.



Leonardo DiCaprio também está ótimo, e consegue encarnar um personagem notavelmente ingênuo, manipulável e hesitante ao longo de toda a trama. Mesmo com um papel desse tipo, DiCaprio consegue revelar facetas divertidas e, surpreendentemente, carismáticas, enquanto testemunhamos a evolução de seu personagem a medida que vai perdendo os escrúpulos com o decorrer da trama. Sua entrega física é notável, e a caracterização do papel desempenha um papel significativo em sua construção.



Quanto a Robert De Niro, embora não traga elementos muito distintos de personagens semelhantes em sua carreira, é competente. Ele personifica de maneira convincente a postura ameaçadora de William Hale, que mascara sua maldade por trás de um senhorzinho benevolente perante o povo Osage. Vale destacar que a força dessa atuação é o elemento que domina toda a fase final do filme.

A direção consegue fazer uma ótima ambientação ao nos trazer um faroeste deslumbrante, pintado com paisagens arenosas e cidades impregnadas de petróleo e sujeira. É uma América que gradualmente desaparecia, uma narrativa do Velho Oeste que estava aos poucos sendo esquecida. É uma sociedade em transformação, refletidos na modernização dos trajes, no crescimento de automóveis e máquinas.



A fotografia desempenha um papel primordial nesse aspecto, conseguindo capturar os últimos suspiros do velho oeste. Além disso, os figurinos e a caracterização dos personagens é notável, aumentando ainda mais a imersão naquele universo.


A trilha sonora do filme desempenha um papel crucial na narrativa. Composta principalmente por músicas country e um certo folk americano, com tambores, cordas, instrumentos de sopro e cantos indígenas que se destacam. Esses ritmos acompanham toda a trama, intensificando-se à medida que a tensão se acumula. Não há um único momento de tranquilidade ou felicidade ao longo das três horas e meia, e a trilha sonora serve como um lembrete constante de que esta não é uma história leve.



O filme tem como principal ponto negativo o ritmo e condução do arco inicial, o que pela complexidade dos diálogos pode prejudicar o entendimento de certas nuances da história, principalmente para um público não tão habituado com esse tipo de filme. É fácil para o espectador acabar se perdendo e não conseguir absorver completamente as mensagens por trás de cada diálogo e cena.


No geral, o filme pode não agradar a todos, devido principalmente à sua extensão e a intensidade da narrativa. Além de ser um filme que se concentra principalmente em diálogos e expressões dos atores, o que pode ser um desafio acompanhar sem se distrair um pouco. No entanto, é uma obra importantíssima e que merece ser apreciada, seja pela qualidade do elenco e seus aspectos técnicos como também pela a importância da história que retrata.


★★★★☆ 4/5

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