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Crítica: Casa Gucci

  • mindinmaia
  • 25 de nov. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 28 de jun. de 2022



Quando uma estrela nasceu, lá em 2018, todo um alvoroço veio à tona e o mundo se viu chocado com tamanho sucesso de Lady Gaga e sua performance como atriz que, ao lado de Bradley Cooper, cantou uma das canções mais premiadas de todas as temporadas. A água voltou a ferver quando foi anunciada como a encarnação de Patrizia Reggiani, na adaptação de The House Of Gucci, de Sara Gay Forden. Casa Gucci, do Premiado Ridley Scott (Gladiador), traz às telonas o drama da família Gucci, detentora de parte do império mundial da moda, mostrando altos e baixos da enjoada vida que levavam, até um derradeiro acontecimento, ao longo de quase 30 anos.



Acompanhamos Patrizia (Gaga), no final da década de 70, quando conhece Maurizio Gucci (Adam Driver), com quem se casaria, ainda que sem a benção de seu sogro, Rodolfo Gucci (Jeremy Irons). O matrimônio duraria quase 30 anos, e teve seu fim com o suposto assassinato de Maurizio, orquestrado por sua esposa. O roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna é eficaz, porém, diferente da proposta do material ao qual foi adaptado, uma vez que, em certos momentos, durante os 157 minutos do longa, se vê perdido e totalmente desfocado.

A hora inicial é altamente rica em informações, mostrando os luxos e exageros da família, bem como a forma de vermos os protagonistas, sobretudo o casal. No decorrer da trama (e do casamento), observa-se a mudança estrutural na Patrizia, sobretudo quando ela se enraíza ainda mais nos miúdos e delicados detalhes de cada integrante. Nisso, ponto positivo para Lady Gaga, que carrega em seu rosto toda a ambição da classe média-alta setentista, nunca satisfeita, claro, transparecendo toda a elegância e desvinculando o desenvolvimento da personagem de qualquer coisa caricata que muito se vê pela indústria.

No decorrer da história, uma série de eventos fazem com que o casal, mal visto pela família, seja melhor aceitado. Boa parte se dá por conta do tio de Maurizio, Aldo (Al Pacino), o mandachuva da empresa. Ele tem um filho problemático, o incompetente Paolo (Jared Leto), com quem coleciona dores de cabeça. Sabendo destas verdades, Patrizia inicia uma audaciosa forma de jogá-los uns aos outros, iniciando um verdadeiro inferno com sérias e mortais consequências. É aí que o bicho pega.

Quando a trama deveria continuar bem, ela cai num declínio criativo absurdo. A falta de elementos relevantes ou decisivos para o decorrer do filme o torna cansativo a ponto de se esquecer o que fora visto, alguns minutos atrás. É algo que se viu lá no meio de Êxodo: Deuses e Reis (2014), quando o diretor pecou no andamento da trama, quando quis trazer elementos históricos novos. Pode-se destacar ainda o exagero quase cômico no sotaque italiano trazido pelos atores, sobretudo Jared Leto que, há esta altura, poderia ser considerado o alívio cômico do filme. Outras decisões do diretor diminuíram algumas atuações, e até mesmo o ritmo num todo, como o subaproveitamento dos atores Salma Hayek, Al Pacino e Jeremy Irons, alguns quase inertes.



Porém, tudo muda quanto à parte técnica. Destaque na maior parte de seus filmes, Ridley Scott não economizou qualidade quanto às caracterizações, ambientação, penteado e figurino. Mas, tanto excesso num lado, deixou um outro nas migalhas: enquanto os olhos são presenteados com um design de produção excelente, a sensação que se tem é que Scott, infelizmente, se usa disto para tapar os buracos criativos. É como se quisesse, a todo custo, forçar uma importância maior da estética visual sobre a narrativa, quando o foco, já perdido há algum tempo, deveria ter sido posto nos conflitos dos Gucci.

Boa parte da crescente problemática descrita se dá pela edição, sofrível em alguns momentos. É incrível como décadas na indústria de cinema não foram suficientes para fazer o diretor perceber ações de determinados personagens ocorrendo sem que haja uma menção prévia. Ainda neste contexto, temos a velha e clichê técnica de passagem de tempo mostrada através de penteados, roupas e músicas. E é muito frustrante saber disso, porque, com mais de duas horas e meia, nem todos os personagens são bem construídos.



Casa Gucci é um daqueles filmes que provavelmente se sairiam melhor como uma minissérie, dado o tempo entre o início e o fim do casamento de Patrizia e Maurizio, uma grande quantidade de elementos e decisões poderiam ser melhor exploradas num formato mais esticado. Porém, o longa está aí, feito, e não há Zack Snyder que altere o que deve ser mudado. Sim, agradará o público, sobretudo os que põem os méritos descritos como prioridade, mas, é inegável o impacto que o zelo pelos detalhes faz numa obra deste tipo. Provavelmente, abocanhará algumas premiações, nos critérios apontados, porém, há de se concordar que nada de muito novo se viu.


★★★☆☆ 3/5


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